domingo, 10 de maio de 2020

Carta de amor a uma desconhecida

A ti…

Amar-te? Para quê? Para me espetares uma adaga no fundo das vértebras?
E de novo, parece que cá estou o mesmo estúpido, romântico incurável, que não aprende… num exercício de escrever-te uma carta de amor. Nem sei quem és… portanto não posso nem consigo cuspir fora este coraçanito de cartão encardido e chamuscado das passadas labaredas que por pouco o incandesceram, embora a temperaturas de fusão.
Amar? Sinto-me incapaz de momento. Vontade? é uma faca de dois legumes e uma refeição de um gumo. Mas ias gostar de ver… se valorizasses… como até aqui me tem falhado em pessoas… as loucuras de amor que desempenho e o retorno que não tenho. Se tu visses, valorizasses, não os desprezasses… ias ver… eu sou raro, prometo. Quando apaixonado… sabes lá. Faço com cada loucura… por amor escrevi cartas, ofereci asas, cometi crimes, voei dois terços do planeta, dediquei o meu espírito, cedi o que me era valioso, entreguei o meu coração e vísceras, comecei a cantar, compus canções de eterno amor… verdade. De vez em quando dizem que sou assustador. Acho que é por ser uma pessoa intensa. Sou intenso, sou… mas sou um frágil e mole coração. Tenho muito para dar e por alguma razão não têm querido receber. Não têm querido perceber que é honesto, que é verdadeiro. Sou mal interpretado. Acho eu… não percebo bem.
Eu raramente me apaixono… é muito difícil para mim, sou muito picuínhas sei lá… mas quando é, porra…! E acabo sempre por me foder.
Tenho crescido tanto. A dor tem-me dado com cada lição. É duro, mas acho que é isto que é ser adulto. É suportar a dor e atravessar o chão em brasa. Quão irónico, quão absurdo que é isto a existência, a existência para a maturidade. Quão absurda a realidade… que nos ensina como uma velha freira-professora-salazarista de palmatória na mão. Nunca uma palmatória ensinou uma criança, nunca. Mas que puta de vida que é assim que ensina adultos a serem íntegros e maduros e sábios e dignos… através de cicatrizes. Absurdo. Absurdo… Dukkha.
Amor. Quão belo seria se tu me amasses como eu me disponho a te amar… Quão belo seria se tu conseguisses reciprocar-me este tsunami incandescente que te submerge e toma a tua forma.
Quão magnífico seria guerrearmos piroclastos à explosão do meu coração… quão magnífico se o teu também explodisse…
Amor… temo nunca te encontrar. Estou cheio de cicatrizes no peito e nos olhos… mas haverá sempre lava, o meu peito é magma, a minha traqueia coral, a minha boca oceano.
Não te procuro mais. Pode ser que te encontre.

Com amor,
André

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Atlântida

Por mares já tão navegados
E terras nunca avistadas
São esses continentes imaginados
Assombrações, naufrágios, feros fados
De naus incendiadas e barcas abauladas.

Um propósito submarino de inalcance.
O navegar bolino, esquivo, sem avanço...
E na bonança: o silêncio.
E nele dança. Sem esperança,
Se a bonança é o prenúncio,
Cicio da tormenta, do oceano num búzio

Rugindo o abandono da estrela do dia...
Astros pelos teus lábios do fim
Do mundo no abismo da folia.
No fim da romaria, rumarei sem mim
Às terras da lenha incandescente,
Contra corrente numa barca de marfim.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Tenho um paralelo da calçada no estômago.

Tenho um paralelo da calçada no estômago.
Náuseas oscilantes, psicoses rompentes. Inconstantes... azia...
Movimentos peristálticos náuticos, vertigens furacónicas.
Cordas afónicas. O meu brado, surdo.

Emocionalmente esgotado, o meu goto prepara-se para cuspir o fogo da minha força, já frio... E um microondas estragado.
Ingiro pólvora seca e gasolina sem chumbo de dieta porque me dói o estômago.
Tenho uma merda dum paralelo no estômago!
Tenho dificuldade em não me concentrar no inchaço do meu estômago, como se da cura da água se tratasse... que cura, a tortura.

Frio na pele, nada em que pensar. Um sentimento de abandono, e assim abandono os sentimentos.
Exangue, amorfo, lânguido... definho... com uma arma na mão. Com um ódiozinho nos olhos. Com uma serra nos dentes. Com uma rocha na pele.
Autofágico — um pedragulho no estômago.
'De norças a aço. De corpo a couraça.' De sangue a mijo. De lágrimas a cuspo.

E o meu sorriso foi-se. Talvez com ela. Talvez não. A minha garra esvai-se.
Com eles se foi o meu sorriso. Provavelmente.
Sou eu um sapo engolido por uma princesa imolada, com uma pedra no estômago, dentro da puta.
Com veneno na pele.

Dentro do touro de Phalaris, música.
E Europa geme, grita, oh grandioso mangalho! Música, celeste música canta o touro!
Camarada Perilaus, já não tens um pirilau tão grande agora, não é?!
Assobia o hino nacional antes que te esmigalhe os tomates. Assobia agora que dói. FFF FFF...
És uma pedra no estômago.

Uma sopa da pedra, um molho de pedras nas mãos. Arremesso...
São eles enxames de traças noctívagas, muito como eu, só me custa voar, Sininho!
Ela, raflésia. Eu, embondeiro... com um paralelo no estômago, ó Principezinho paneleiro...!
Uma jibóia subnutrida, pronto a engolir um elefante.

Privado de silêncio. Com vísceras rosnantes.
Esófago de Komodo. Amígdalas de cristal. Apêndice de platina.
Lucidez de morfina... láudano, ó láudano... que azia.
Um cancro nesta merda toda! Metástase de chumbo!
Balas de alcatrão. Traqueia de canos serrados!
Tenho um filha da puta dum paralelo da calçada no estômago, caralho!

sábado, 1 de setembro de 2012

The Great Pretender (Lyrics)


Oh yes I'm the great pretender
Pretending that I really love you
I am good at your game
In my heart grows a flame
That dies when I finally get you

Oh yes I'm the great pretender
Pretending to be wise or a fool
I have thirst for a love
But I watch you from above
And I do not obey to any rule

It's painful the way how I decompose
It's hard to be ice and have no one close

Oh yes I'm the great pretender
When I feel that my heart is growing cold
I go out for a hunt
And after eating your cunt
I feel that our love has come old

Oh yes I'm the great pretender
When I feel all my heart burning in flames
'Cause I act so fucking smart
And then I will break your heart
Wise men are not the ones to blame
Even though you may think I'm insane

It's painful the way how I decompose
It's hard to be ice and have no one close

Yes, I'm the great pretender
So warm and sweet it's how I sound
I sound to be what I'm not, you see
I'm wearing my heart like a crown
Pretending that you're not around

Oh I am the great pretender
For I've burden a lot of pain before
Oh I am so unintended
'cuz I'm lonesome, unamended
and that's the only thing I ask for

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Desde Longe, Desde Tanto, Desde Nunca


Desde longe, desde tanto, e de certo
Ancestralmente de astros diferentes:
O meu cadente, o teu suspenso,
Para sermos a bela e o burgesso,
A pérola e o camafeu…
O martírio de Prometeu,
A sentença de Laocoonte.

De onde foi que furtámos esta chama?
De onde viemos atear este fogo?
Desde sempre. E desde quando
Que o meu sexo é santo na cama,
Que o teu ventre é tesouro,
Que de vadio virei galante,
Ainda romeiro, bárbaro, mouro?

Mas que nunca! E jamais
Seremos como argila do rio…
Jamais cantadeiras de estio,
Jamais moles, jamais unidos,
Sempre de outra natureza,
Já imaleável à tua beleza,
Que já somos mais crescidos.

E já me pesam membros feridos,
E sempre o teu mundo me foi fastio,
E já os meus pulmões te repugnam
E quão mais o coração, que para além de frio
É um bloco maciço e encardido,
E nele um coágulo entupindo
O que outrora já saiu.

Mas teu esse, não conheço,
E em vil sonho adormeço:
Em que não sei se sangue se veneno,
E o ingiro como bagaço
Em fúnebre sede de dreno
De te extinguir o freno
Em meu regaço, óh amor cadáver.

E que aflição, que martírio,
Ser consciente do meu delírio
E mesmo assim inapto a me libertar.
Que o delírio me pode matar,
Ou a não cessar o delírio,
A morte se torna vã e vão matar,
Pois a morto-vivo de que valem forca e baioneta?

A morto immoto de que vale a celestina
Quando navego sem barqueiro
Mas é Caronte quem me destina
E me amofina enquanto marinheiro.
Mas de que vale o óbolo
Se nunca tive dinheiro?
De que me vale amor se não derradeiro?

domingo, 16 de outubro de 2011

Confetis

E acordei sozinho, estendido no chão frio e imundo dos resquícios da festa, imerso em confetis, com a boca num cinzeiro, com o copo ainda cheio…
A janela estava aberta, os balões bailavam com a corrente, o dia já nem era dia, o frio rachava-me os ossos.
Encontrei uns cigarros restantes no maço e uma garrafa por acabar.
Fui abandonado, mas isso nunca para mim foi motivo de alarme, pelo contrário, comigo sei eu tratar. Acontece que não devo ser o melhor bebedor, não devo ser o mais afável ébrio, não sou por certo o melhor amigo. Quem me terá convidado?
Por certo alguém amável e de bom coração, misericordioso, piedoso, que decidiu dar uma chance a este pobre vadio… Alguma puta fina.
Não me lembro de ponta de corno.
A festa só começou agora… E que bem que estou a fumar e a beber sozinho num apartamento desconhecido, de corneta na boca e chapelinho na cabeça. Confetis!
Sempre me senti um bom abutre, sempre gostei de restos humanos em decomposição, sempre me alimentei do podre das pessoas, sempre remontei no meu próprio corpo os restos mortais dos espíritos dos outros, sempre me embalsamei com álcool, sempre menti e estripei com unhas e dentes e sempre congelei corações quentes.

Lidar com humanos nunca foi o meu forte, sempre cavalguei o absurdo da existência sozinho e descalço. Sempre fui um bom Sísifo, nunca bom Orfeu. Mau Ícaro, bom Teseu.
Vomito sempre no vestido da noiva. Confetis!
Arco-íris, visto penas monocromáticas, as minhas asas são feitas de cinza, só me tingem as nódoas de vinho, que me definem a forte personalidade nauseabunda.
Sou Quasimodo sem escrúpulos num fato de gala. Mal educado, obsceno, bêbado e insuportável.
Sou bom mentiroso, charme boémio, bizarro e sujo. Foi a minha fada quem me enfadou. O meu feitiço termina à meia noite, a hora em que me apago e caio redondo no chão e sufoco no meu próprio vomito, e ela corre ofendida e repugnada fora do edifício esperando nunca mais me ver.
Sapatinho de cristal quando estou com falta de copos... Confetis!

Terá sido mais uma noite daquelas... E é agora uma daquelas outras noites.
Sinto um conforto gelado aqui sentado envolto deste lixo festivo, no escuro da luz do candeeiro de rua que projecta um plano laranja na sala e faz brilhar garrafas vazias e copos de plástico.
Sinto que não deva esperar pelo dono ou pela dona, não estou muito apresentável, mas não tenho vontade de ir tão cedo, arrisco. Vou acabar os restos de bebida, vou fumar as beatas vou encher-me de confetis!
Não me parece que alguém vá chegar tão cedo... por alguma razão...

E acordei sozinho, estendido no chão frio e imundo dos resquícios da festa, imerso em confetis, com a boca num cinzeiro, com o copo ainda cheio…

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

They're actually stalking you, they're actually after your footsteps, behind the trees...

sexta-feira, 25 de março de 2011

cortes de rascunhos de uma: improvisação sem factor social/paradoxo de improvisação de gravação-memória/recorte floreado de memória

A ti (com um copo de plástico de champanhe rasca).

Abocanhar-te a cara e partir.

Estilhaçar-te o crânio.

Não quero que seja compreendido aqui, celebrado…

O meu mau hálito.

Sentir-lhe-ás acidez.

É certo.

É champanhe.

E Rasca.

E.

Fora

E sem ele sou insípido e inodoro.

Que o meu perfume não é esse, que o meu sabor é corrosão.


E.

Estilhaço o copo. (Também)

Sem dentes.

E.

O plástico partido corta-me as mãos.

Lilith

Sabe a refúgio de novo.
Depois da luta carniceira, depois da dança macabra, a desistência é a conquista vitoriosa.
É aqui, entre todas as paredes que outrora se fecharam sobre mim, que outrora me impediram de passar aquela porta, que agora me deixam tranquilamente fumar o meu cigarro à janela e atentamente ouvir o noctívago silêncio zumbidor, no meu velho conforto solitário imprescindível.
Eu não tenho medo, eu perdi o medo. Eu perdi a dependência.
Eu continuo a ser só eu, só.
Eu tenho dois braços estendidos a quem vem, estendidos a quem vai.
O medo é impeditivo da liberdade a que aspiramos.
Ar que inspiramos.
Eu não preciso de ti. Eu já não tenho medo.
Anseio a noite para te reencontrar em sonho.

Drums in the deep

The drums in the deep
Distant
Desperation doesn't fit in this hole
Expectation may have been lost
Deep
In the deep
Darkness fills these galleries in must
Darkness
Calls the demons of sharp teeth
Small teeth
Sensation is disturbance
No gods, No medals
No senses, No olfactory nerves
Nerves
Poetic as they get tense
Anesthetic as it gets dense
The air
Hard to breathe
The vision
Blurred
The thoughts
Distorted

Death
Comes in the deep
From the profoundness of a monster
From the filthiness of a dumpster
From the worms of a rotting corpse

Drums
Keep the march
Dull the match
Kill the lungs

It's clear
Violence approaches
Blood is boiling
Guts swell
Throat clamps
Eyes revolve
Lies evolve
Die unsolve
the Cry of revolver

At last
Feelings
Drums in the deep
Keep our distance
Crumps in the deep
Grit the instance

Give me no chance, You
gave me no chance
For one last single glance

For my last lonesome dance
Shall be (to the)

Bam
Bam
Bam
Drums in the deep...

quarta-feira, 23 de março de 2011

domingo, 20 de março de 2011

com um copo de plástico de champanhe rasca

Horas. E novo dia.
Começa bem
Não estou ébrio, nem sóbrio, nem de ressaca. Nem de directa.
Mas.
Foda-se que é difícil. É feliz ter-te aqui, sabendo que não estás.
Estou a arriscar o meu orgulho.
Porque não pintares agora com as minhas secreções? E matar propriedade privada. E privatizar estas cartas.
Hiper-real. E onde te preocupa a estética?
Quero-te mais feia! Abocanhar-te a cara e partir-te o crânio.
Não quero que seja compreendido aqui, celebrado, como me sinto infeliz e tão feliz de que não venhas a conhecer o meu mau hálito. Sentir-lhe-ás a acidez com certeza. Fora ele sou insípido e inodoro. Que o meu perfume não é esse, que o meu sabor é corrosão.
isto falta ? +"
(
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eu fui ver uma donzela numa barquinha a dormir

dei-lhe uma bela coça



ort
co co co perrrrr

ssssssa!

bou bou bou

yea now

sábado, 19 de março de 2011

Histórias de encantar no cú da querida

Que esperas tu? Apedrejamento público?
Acabar com a tua poesia e
Passar à pratica?
Queres matar-me? Queimar-me vivo?
Terei prazer em
Fazer parte do ritual, A minha carne é tua!
Eu já sou livre Dessa poesia.
E tu
És covarde.
Sim a vida é uma merda
Mais do que pensas Eu sei porque vivo!
Que se fodam Os teus contos de fadas,
Eu conto as fadas que realmente existem e
Incendeio-lhes as asas
De borboleta. Como fiz às tuas.
Sou um monstro da crosta
Do manto inferior, Do mundo,
Da podridão, Da imundice.
Sou um simples Mortal
Com vida própria,
Com alma de Metano,
Sem encanto, Sem histórias de encantar.

Este é então o meu repto:
Desce ao meu mundo e observa o quão macabra é a tua poesia após me talhares as entranhas me queimares a pele sobre brasas me arrancares o escroto dos colhões e me esfolares o caralho.

Aqui
És beleza taxidermista.

Asquerosa.

Aqui
Poesia é o olho do cú e a merda e o vómito.
Tu sai da tua merda do olho do cú e engole o teu vomito ou verás poesia resolvida à força de duas norças.

Humanos de merda, reles seres de cordéis presos aos membros.
Tu és um!

Repugnante.

E quando vires uma borboleta toma consciência
Que é poesia como a tua Que lhe vai queimar as asas.
És porém Menos inútil
Que o teu mundo de fantasia de merda.

O Mundo Real Cheira Mal.

sexta-feira, 11 de março de 2011

don't stick to me
for i will
not
ever
take you
or
show you
the way
back

home.

quinta-feira, 10 de março de 2011

painkill

moodswinger. shapeshifter. unintender.
walls blocking the sight, that might contain a tight window behind.
distorted vision, i see what i fight for,
for i fight for seeing right.
but eyes get affected, swallow another painkiller, drown in drugs.

no ties, no controversy. blame myself with no mercy.
nail myself to the forfeit. gore fate. no fate, nor faith.
no religion, no ability to walk straight.
intellect that doesn't heal my mistakes.
mind that doesn't draw my traits.

no feelings, only senses, mostly pain.
no perspectives other than through lenses of stains.

they call it heart, i call it brain.

no man's land

weakness. for a change. for a continuity.

dead horse alive with flies. dead flies along with horse.
dead mind allured by force. death force alive dies.

let me serve you with the crown.
vexed servant for freedom lost. for lost ideals.
can't go back to certainty. can't get lost in bohemia.
can't get life in this place. can't get love in alchemy.

feel free to break the spheres, for they resonate no more.
break free to feel the spheres, but they resonate no more.

i dream of taking you under my broken wings, but i can't fly for so long.
i dreamt of flying with my broken wings, but i had to take you home.

i can't fly for so long, and you expect me to have beautiful light wings.
i can never take you home, and my wings are made of mossy stone.

rusty metal of a dusty mettle man.
my dreadnaught is made of juggernauts — grains of sand.

no man's land.

none shall pass

life is passing me by. memories keep me back, present is sorrow, now is yesterday.
a man is an island. just no desert, but a secret oasis.
hidden behind cigarettes. tears fall underneath my skin. eyes salt crystals.
junky of grief. memory drifter. my doom leeway.
no way of being.
no human to be.
which freedom to fight for. which fight to be free of.
which crowd to run away from. which path to shortcut.
grit teeth. warhead. face of war. face the war. in self.
my self.
none shall pass.

Autopsy (for Medusa)

Bring me the tools, go away, slam the door...
I'll perform my own surgery, I'll make my own autopsy.
Athena's gone, Apollo's gone, Aphrodite's gone, Minerva's gone... I was left with Medusa in a moist dark small room. There is no Olympus left for us. Only underworlds. Underground. For we swear profanity. We vomit blasphemy. Small metal gods, cheap souvenirs. I've abandoned you. I now lie with mortals, sleep with undead.
There shall be no love for us to share, there shall be no love in us to bear. Only disparity. Despair.
Now I've ripped my ears out not to listen to her screams, now I've plucked my eyes off not to look at her face, now i've craved my nails in my face not to feel her breath. Senseless, motionless. My autopsy was delayed. I'm terrified of a delicate monster. Scared to death for my autopsy was delayed... My heart's still inside me although my chest wide open, venomous black entrails.
I've seen it all, more than tongue can tell. I've seen it all and never anything like this.
No ballast in words, no clappers for beggars, no route. Chaos reigns for you've defined no territory! I've made chaos my territory!
No windows, no doors, no walls, no furniture. The vagabond is me. The beggar. The free. Stuck in space. But free. Chest open. Begging for autopsy.
Bring the doors back. Medusa! Kiss me, come, come for me. Take my heart out, the black sponge you've made stone. Bang it against my jaws, crack my mouth, break my teeth, let me bleed, cut my tongue, I still feel it! I've swallowed my teeth, push my heart in, pull my heart out! I still feel it! I still feel pain! Peel my skin, rip my nerves! I did it all with my rusty nails. I've seen it all, nothing changed...
My orbits are now flooding tears, and it still burns! Is my heart already out? What's the diagnosis?
No more painkillers, system is fraught.

To be honest, I can't really feel a thing.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

listen to my beast words

listen to my written words
you junkies of a life past
you junkies of a life lost
we're junkies of a life left
of the right moment
we behave like dead horses
slaves of red roses
we're clay dolls with carrot noses
stray dogs in faggot poses

domingo, 28 de fevereiro de 2010

O verdadeiro milagre de Cristo foi perecer às suas chagas.

domingo, 24 de janeiro de 2010

THOUGHTS ARE THROWN AS BOWLDERS TO THE SHOULDERS OF THE ONE WHO OWNS THE THRONE. EMPEROR OF ROME.
(2008)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Life is a happy Carrousel

Merry-Go-Round is broken down!
Merry-Go-Round is broken down!
Merry-Go-Round is broken down!
Merry-Go-Round is broken down!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Breaking News

All life merrily fun fed, Mary Lee was merely found dead, barely dressed, today morning, near a gutter, victim of murder.
No one seems to be sad.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

merrily fun fed. merely found dead.

go. meet faces. meat faces.
let just. first.
destroy close environment.
don't need this. think. at least.
no more mere than this bare. barely got bare hands to bear this bear staring. me. heavy handed. heavy fender. has he bended. have me tender. have it ended. barely landed. dad defended!

fairly earned her. barely bared her.
fairly buried her.
carefully hid fur.
sadly weep occur.

merrily fun fed. merely found dead.

so sad! sadcastic.
change world. be self. other. again. one day.
again.
change face. same face.

mary maid made murder
they say
mary maid glazed - rummer
they see
mary maid suffered murder
they miss

mary maid is mary miss
and mary miss made the rumor
mary maid's mad murderer
but mary miss is the guiltier

marry me mad miss marry murderer
murder mary maid
murder me
mary miss burry this

merry merry mary be
with me. buried.

red rum. spare life.
lohoc la. wols.
fuck fine. fine me!
don't mind. find haven.
die. drink. sink. lavatory.
consummated. worms.
sick.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Liturgia Chinaski (cut-up)

De manhã levantava-me, vomitava, dirigia-me para a sala da frente e olhava para o sofá para ver quantas lá estavam.

Vesti uma camisa e umas calças antes de abrir a porta. Depois corri para a casa-de-banho e vomitei. Tentei lavar os dentes mas não consegui senão vomitar mais. ...continuei a beber cerveja e vinho. Quando chegámos cá fora comecei a vomitar, saiu toda a cerveja e todo o vinho. Saíam jorros e espalhava-se pelo silvado ao longo do passeio - uma golfada ao luar. «OK, OK», disse. «Espera um pouco». Vomitei outra golfada sobre outro silvado, que estava a morrer.

«Eh, miúdas! Aqui está o maior poeta dos últimos dezoito séculos! Abram a porta! Vou mostrar-vos uma coisa! Um doce alimento para os lábios das vossas vaginas!
Abram! Tenho uma enorme coisa vermelha! Oiçam, vou bater à porta com ela!»
Sem sorte. «Os maiores homens são os mais solitários.» Fechei a porta, sentei-me na cama e acabei com a garrafa de whisky que trazia comigo.
«Eu quero foder contigo», disse.
«É por causa da tua cara.»
«O que tem a minha cara?»
«É magnífica. Quero destruí-la com a minha cona.»

«Ele saiu para vomitar e enquanto vomitava, Tammie agarrou-lhe no caralho e disse: 'Vamos lá para cima e eu faço-te um broche. Depois pomos o teu caralho num ovo da Páscoa.' Ele disse que não e ela disse: 'Qual é o problema? Não és homem? Não consegues conter o teu leite? Vamos lá acima que eu te chupo tudo!'» Nessa noite levei Tammie às corridas de cavalos.

Mais cerveja.

«Hank?»
«Sim?»
«Foi por causa de uma mulher que cá vieste?»
«Sim.»
«Vamos foder.»
«Bebi demasiado.»
«Vamos para a cama.»
«Quero beber mais.»
«Assim não serás capaz...»
«Eu sei. Espero que me deixes ficar mais quatro ou cinco dias...»
«Isso dependerá das tuas actuações.»
«Parece-me bastante justo.»

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Absolutamente Falso

Sinopse (III PARTE) – Alfredo Andróide (André Pinto)
“Crab Men! Tape Worms! Intestinal Parasites!” (...) “I have not come to explain or tidy up...”
Vim sim para destruir as palavras em fonemas! Fonogramas em ruído, ruído em massa densa!
Aqui acaba a comunicação! Não pretendo nada! Não pretendo NADA! Tudo o que aparente pretensão é absolutamente falso! Tudo o que aparente linguagem ou comunicação é absolutamente falso! Não haja dúvidas! Se daqui se retiram emoções, se aparento transmitir algo menos que o insuportável... é uma ilusão! Está errado! Estão errados!
O que daqui for retirado... é... ABSOLUTAMENTE FALSO!
Não haverá mais que amorfismo...

Hank Hank Hank! Bill Bill Bill! (Cut-ups de rascunhos)

Chinaski, Chinaski, Chinaski!

Sou a única pessoa de quem não me consigo libertar, sou a única pessoa que vai sempre fazer parte da minha vida, com ou sem, muitos ou poucos, estes ou aqueles amigos. Este filho da puta é sempre o mesmo, e não me engana!

Sabe sempre melhor deixar páginas em branco, e eu faço isso, deixo páginas em branco e não as rasgo, ficam em branco, até que necessito de preencher nada com algo. Mas algo sobre nada é tão nada quanto nada de nada.
Nada de nada! Mas num egocentrismo nojento!

Paixão é avareza! Sentimentos são facas de manteiga!
Abortar! Sem pára-quedas!
Que se ponha de pé o rei do bungee jump! Que eleve a sua coroa! Que a vire para baixo! Que a apanhe em plena queda! Seja louvado e respeitado!

e não falaremos neste instante de feminismo!


Vivamos a metros de distância e alimentemo-nos mutuamente como é inevitável, asquerosamente! Suguêmo-nos mutuamente e ao nosso protoplasma!
A alma e espírito passaram à história! Minimalizemo-nos à amiba!

Saboreai o meu esperma!

domingo, 20 de dezembro de 2009

Chinaski

"Dava-lhe dezassete centímetros de palpitações violáceas!
Cruzou as pernas e a saia subiu um pouco mais. Levantou os olhos do livro. O seu olhar encontrou o meu, por cima do jornal. O seu rosto era inexpressivo."
Foi já depois de ter despido o sutien que lhe arranquei alguma verdade... Pela estranheza do que se estava a passar ali, naquela madrugada, no escuro.
Uma história um tanto familiar. Um protótipo do meu passado.
Só o alcool nos faria isto, tendo em conta cada um de nós, tendo em conta o que se havia passado.
Os cigarros já não faziam a ponta de um corno e mais um trago de whisky atirar-me-ia directamente para a sargeta. Preferi manter-me naquele limbo. Até porque mais alguma gota houvesse, tê-la-ia sorvido sem hesitação.
Já não tinha personalidade nem força nos membros, limitava-me a receber caricias e a retribuí-las assim que me sentia capaz.
Passaram-se horas. Ganhava consciência mas sentia-me mais doente ainda. Mantinha-se um equilíbrio entre os dois males.
Cada vez mais a minha cabeça se enchia de pedras aguçadas. Só o escuro não era nocivo.
Um som de campainha fez com que me apercebesse da minha dor física...
«Vou-me embora!»
«Não...»
«Tem que ser.»
Levantei-me daquele pequeno ninho imaculado. Estava com uma terrível vontade de mijar. Voltei a beijá-la na escuridão e diriji-me à porta.
A luz irradiante do sol da uma retorceu-me as vísceras. Nos primeiros vinte passos julguei que não sobrevivia. A minha cabeça parecia carregada de dinamite em explosão câmara-lenta, mal conseguia abrir os olhos inchados e doía-me o corpo todo.
Felizmente estava frio e não fui capaz de vestir o casaco, apetecia-me tirar a roupa.
Fui capaz de me conservar até ao carro enquanto me cruzava com estranhos e conhecidos que ignorei de igual forma.
Cheguei a casa e fui finalmente mijar.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

parasite to parasite
who's eating me is eating

you

terça-feira, 8 de setembro de 2009

analgésico

mesmo calejado. de norças a aço, de corpo a couraça.
a dor mantém-se molesta enquanto amparada.

espartana carne análgica.
humana carne autófaga.
"Desperation is the raw material of drastic change. Only those who can leave behind everything they have ever believed in can hope to escape."

William S. Burroughs, 1914-1997

domingo, 6 de setembro de 2009

not the classiest fighter. (with shattered glass in my voice)


In this life all I have, a falling sky in my arms

it's not that heavy, make pretend
it's someone else's party, what a gas

sole.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

music/art shouldn't be a transposition of emotions to sound/other media as a translation of life, but part of life itself as a natural exaltation of self!

terça-feira, 28 de julho de 2009

"distancia com título sem título (intencionalmente)" por Alfredo Andrade

o espaço entre Arte-Vida / Homem-Natureza com uma pitada de o absurdo da existência.
texto em pdf no "link"...
LINK!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

please dance your beautiful dance for me again. please.

domingo, 5 de julho de 2009

Leilões.cor

Leiloa-se quinta abandonada com uma excelente localização.
Casa com cinco divisões e duas casas de banho. Uma grande sala de estar com grande lareira, cozinha, quartos e estúdio, mas grande parte da excelente mobília foi totalmente queimada após o incêndio e as paredes ainda se encontram cheias de foligem. No entanto paredes e tecto continuam bem firmes.
O terreno perfaz 200 ares e é incrivelmente fértil, tendo um grande jardim, horta e curral, que estão neste momento destruídos (excepto o curral) pelo incêndio e os animais foram mortos de fome.
Existe corrente eléctrica e água e gás canalizados.
Será apenas necessária uma limpeza e remodelação do interior e um trabalho de jardinagem e cultivo, a que o dono se propõe a ajudar.

A casa tem uma história trágica que convém saber antes da compra. Encontra-se neste estado pois o antigo inquilino em rasgos de loucura incêndiou toda a casa, horta e jardim, morrendo ele próprio no fogo. Há quem discuta o suicídio ou acidente. Não se sabe ao certo.
Existem também boatos pouco credíveis de a casa estar agora assombrada pelo antigo inquilino, e relatos de que por vezes o seu espectro foi avistado a vaguear pelo jardim.
Não subscrevemos nem valorizamos estas confissões de gente da pequena aldeia próxima, mas achamos nosso dever informar o cliente.

Esta é sim um quinta de sonho como não são muitas outras e com certeza tornar-se-á para si um lugar muito especial e terá aqui uma vida descontraída como sempre sonhou.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Trabalho de Sísifo

Conhecimento, humilhação e frustração são o que é necessário para a consciência do mundo real.
A existência é absurda, mas um fardo que estamos condenados a carregar.
É na realidade Sísifo o sémen da Humanidade.
Somos Sísifo à exaustão da exaustão.
Abençoados ignorantes, abençoados desumanos.
Amaldiçoados humanos traidores e miseráveis, e assim vivemos no absurdo, sendo absurdo prosseguir com o trabalho de Sísifo.
Desumanos humanizam-se por contacto directo com humanos, e o absurdo inferno da maldição humana é propagada como uma peste. Contágio!
Assim, o ciclo é vicioso e não haverá fim mesmo depois de devorarmos as nossas cabeças a sangue frio e arrancarmos as nossas vísceras a unhas farpadas.
A consciência do mundo real é a natureza da nossa natureza, o fado carniceiro do nosso fado.
O rochedo rolará sempre até mais abaixo, ultrapassaremos Hades, e depois disso, vezes sem conta.
Abençoados aqueles que conseguirão fazer-se esmagar. Não os haverá. A humanização é uma condenação ao fracasso eterno à vista de um horizonte garrido de verde!
Uma visão flamejante.
Matamos para deixar de ser humanos, mas sabemos a trágica verdade. Então matemos para ser desumanos, mesmo sabendo a trágica verdade.
Sodoma e Gomorra não são mito, são tabu!
Que jorre sangue e miolos, que escorram pelo chão, que alimentem os animais sedentos deles. Alimentemo-nos deles sem alternativa. Os que regorjitam negam a sua natureza! Que sejam então esventrados!
Pára.
Primeiro passo:
Sejamos humanos (como somos, como tal, os que são):

- Começarei então, por, timidamente, cuspir na tua cara!

auto-retrato com cara de picha






















série de "pinturas poéticas"

"...more than tongue can tell."

convenção óbvia da decomposição

a cabeça dói-me amor



Each something...........is a celebration.............of the
nothing......................that supports it.

j.cage (lecture on something)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

the king of rock'n'roll blues

he's got his soul in the stomach
and throws up remains of caviar
he's too fine to roadside diners
but this time bourbon's gone too far

everywhere he carries his sloppy guitar
like it was attached to his vomit soul
he ain't no scum-bag rockstar
he's just the king of rock'n'roll


his spirit smells like gasoline
and he drives a brand new cadillac
he's too weak he's too thin
too bent up on prozac

lost his money, lost his friends
all under drugs and alcohol
he doesn't care, for he's got the meds
and he's the king of rock'n'roll


the whole world loves to watch his bungle bones
snapping along his melody
he loves to be loved, and loved alone
but he's still in a lone lone melancholy

tonight on stage there'll be fire!
he'll burn the audience till it turns coal
he'll run away on his flaming tires
you know, 'cause he's the king of rock'n'roll


no place to carry a juggernaut
no place he finds to rest his head
no one told him something that mattered
no one said rock'n'roll was dead

he prayed jesus, budah, satan and such
'cause in this damn world he felt alone
no one to share his great catch
of being the king of rock'n'roll

no one told him rock'n'roll was dead
no one told me rock'n'roll was dead

Everybody's gotta learn sometime

How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd

Alexander Pope "Eloisa to Abelard"
boulders become rocks become stones become stuck (inside the shoe) become sand become juggernauts
for no reason, apparently

quinta-feira, 18 de junho de 2009

my head hurts love

The day with its cares and perplexities is ended and the night is now upon us. The night should be a time of peace and tranquility, a time to relax and be calm. We have need of a soothing story to banish the disturbing thoughts of the day, to set at rest our troubled minds, and put at ease our ruffled spirits.

And what sort of story shall we hear? Ah, it will be a familiar story, a story that is so very, very old, and yet it is so new. It is the old, old story of love.

Two lovers sat on a park bench, with their bodies touching each other, holding hands in the moonlight.

There was silence between them. So profound was their love for each other, they needed no words to express it. And so they sat in silence, on a park bench, with their bodies touching, holding hands in the moonlight.

Finally she spoke. "Do you love me, John?" she asked. "You know I love you, darling," he replied. "I love you more than tongue can tell. You are the light of my life, my sun, moon and stars. You are my everything. Without you I have no reason for being."

Again there was silence as the two lovers sat on a park bench, their bodies touching, holding hands in the moonlight. Once more she spoke. "How much do you love me, John?" she asked. He answered: "How much do I love you? Count the stars in the sky. Measure the waters of the oceans with a teaspoon. Number the grains of sand on the sea shore. Impossible, you say."

"Yes and it is just as impossible for me to say how much I love you."

"My love for you is higher than the heavens, deeper than Hades, and broader than the earth. It has no limits, no bounds. Everything must have an ending except my love for you."

There was more of silence as the two lovers sat on a park bench with their bodies touching, holding hands in the moonlight.

Once more her voice was heard. "Kiss me, John," she implored. And leaning over, he pressed his lips warmly to hers in fervent osculation.

samuel johnson (lovers on a park bench)


philip glass' knee 5

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Lonesome Knight


Gave away horse and sword for whores and sore...


terça-feira, 16 de junho de 2009

if love is still a possibility, please, you should not!
AND YOU DON'T!
AND I DON'T THINK I DO...
A SQUARE CAN'T EVER BE NOTHING BUT A POLYGON
AND NOTHING OR NO ONE CAN EVER POLISH THE EDGES.
TRIANGLE IS NO CORRECT FORM FOR A HUMAN BEING.
I CAN NOW BE A POET!


(an oldie from my notebook)

this is what's degenerating your entrails

The necessary correlate of musical standardization is pseudo-individualization. By pseudo-individualization we mean endowing cultural mass production with the halo of free choice or open market on the basis of standardization itself. Standardization of song hits keeps the customers in line by doing their listening for them, as it were. Pseudo-individualization, for its part, keeps them in line by making them forget that what they listen to is already listened to for them, or "pre-digested".

theodor w. adorno (on popular music)

domingo, 14 de junho de 2009

for a speaker


20"

We carry our homes

within us

which enables us to
fly

j.cage

sexta-feira, 12 de junho de 2009

I am here , and there is nothing to say .
If among you are
those who wish to get somewhere , let them leave at
any moment . What we re-quire is
silence ; but what silence requires
is that i go on talking.


j. cage (lecture on nothing)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Anti-Licórnio (A um Licórnio)


A cavalo morto não se contam moscas
A carne decomposta vaporiza ácido
As narinas ardem
Os corvos pousam

A cavalo morto não se contam primaveras
A carne decomposta adoece
A pele vaporiza
As baratas aproximam-se


A cavalo morto não se olha de frente
A carne decomposta vaporiza ácido
Os olhos ardem
Os abutres salivam

A cavalo morto não se olham maleitas
A carne decomposta morre
O fedor vaporiza
As larvas nascem


A cavalo morto não se morre
Não se mata
A carne vive
Falece a alma

Decompõe-se.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

_____Olá____________________________

PLEASE LET ME INCREASE LIFELOVE AND MORALITY NOW......
.?.! :#
PERFECT BLOG OF GHOSTS
AND RAIN DOGS!
don't be affraid
brainstorm
WHAT'S THE BIG PROBLEM WITH
COLOSSALITY?!

this post will decrease this blog's aesthetics and contaminate previous post's contents, but, depression is still necessary in life cicles/circles

so i expose it... like this: synopsis of a succeeded yet failed love story.

my mistakes have enlightened me to a better self

your mistakes we're luxurious and selfish, destroyers
my mistake was to make you think freedom was a light burden to carry
your mistake was to juggle your freedom
our mistake was to get involved
our mistake was to get separated

if you haven't got a clean conscience,
i'll be happy to know
it means you're still conscious
i hate to know you don't know a thing
i hate to know why, because
i do

hate to still love you
(after what you've done to me, and after you've gone)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Romance ao Martírio

Mariazinha, deita os olhos para o mar
Pela tardinha, quando a noite espreitar
E no verde das águas sem fundo
Já se perde da esperança do mundo, a afundar, a afundar

Mariazinha, deita os olhos para o mar
Tão pequenina, sem saber que pensar
Vê a roda do mundo girando
E os navios ao longe passando, sem parar, sem parar

Mariazinha, deita os olhos para o mar
Tão quietinha, a chorar, a chorar
Uma fonte de sangue no peito
Uma sombra na boca e um trejeito no olhar, sem parar

Mariazinha, deita os olhos para o mar
Tão caladinha, a chamar, a chamar
Vai para o fundo da noite fria
Numa barca de rendas, vazia, a afundar, sem parar

Mariazinha, com rendas de algas tapada
Tão quietinha
No fundo do mar pousada
josé mário branco (mariazinha)

domingo, 3 de maio de 2009

Olá!
Doem-me as vísceras e os tomates. Ok?
Obrigado.
E adeuzinho.

sábado, 2 de maio de 2009

a abelha que cantamos será mosca
até morrer
o medo que nos salva da
loucura
O CORAÇÃO OPRIMIDO PELOS DENTES QUE O IMPEDEM DE SER CUSPIDO À CALÇADA.
FILHOS DA AUSÊNCIA DO DITADOR.
FILHOS DA IGNORÂNCIA.
INFELIZES SERES LIVRES,
INCONSCIENTES SERES REPRIMIDOS.
PERFILADOS DE MEDO

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

LAMP DUST IS THE LAMB'S SKULL IN CONDENSED SWEAT OF A BUS'S WINDOW.
HUMIDITY. HUMUS.
FUNGUS. TANGO.
COMPOSED THE RIGHT SQUARE

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Rabbit Talk

Arithmetic arithmetock
Turn the hands back on the clock
How does the ocean rock the boat?
How did the razor find my throat?
The only strings that hold me here
Are tangled up around the pier


And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice
Waits

domingo, 14 de dezembro de 2008

she loves nature
she loves laughter
she loves lsd
she loves sex

and she chose me.

she says i smell so good
and my eyes are beautiful
she feels like a teenager again she says
says i'm young but not dumb

she wants to fuck me so bad.

she understands but still she freaks out
and keeps saying i'm a good guy
keeps saying that i'm so sweet
but still she's frustrated she says

we have similar past stories.

...and didn't sleep.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

B-SIDE OF BEE LIFE

brainstorm in alcohol

ODE TO WILD BEARS

HAPPY FAMILY (a cavar nas vísceras)

JACK DENIALS BRING FUTURE HARM AS DISEASES.
CRAWLERS ARE DODGERS, AND ORPHANS BE FALLERS IN CRISIS.
JUNKIES ARE NOT BUMS! THE ONLY BUMS ARE BASTARDS.
BASTARDS MAKE THE WORLD GO ROUND.
BUT ONLY MARY GOES ROUND IN THE WORLD.

SEX IN THE BEACH
SEXIN' THE BITCH

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Clay Johnny: Part 3

In a paranoid struggle
I jumped off Michelle's rear,
I ran away bungle
convinced I was leer.

I was sick of the spinning,
but never had the courage to tell her.
So now I was rambling
and now I was wondering
the evil I'd been to her.


My clay was too dry,
and I was dying for water on my skin.
So I got sad and started to cry,
and tears revitalized me and washed away my sins!

Now I was changed and firm as concrete,
and I was sure of what I wanted.
Only one thing would make me complete!
But for her, I was now obsolete.
Looked away while I fainted.

(She could keep riding alone, and went back to France...)

Clay Johnny: Part 2

Time passed...
But landscape stood the same.
Seasons were running fast
I was the only one who changed.

My clay skin was now drying,
as I was getting older.
I felt I was close to dying
and Michelle would keep on riding
and always feeling stronger.


For ever she would hang on to life
and to that beautiful Merry-Go-Round.
She was stable, I was wobbly
on her torso, carried up and down.

Scratching in despair
i wounded her.
But she was strong enough to bear.
Not being fair, I did not care
and my clay became bitter.

(She would never let the ride end...)

Clay Johnny: Part 1

Friends called me Scissorhands,
and I thought it was cliché.
My hands were almost normal,
Eyes and carcass made of clay.

Family gave me no name,
but used to call me moonstruck.
They thought I was insane
and existence was vain
with such tough luck.


I named myself Johnny Eye
and found an imaginary friend.
We promised to be together 'till we die,
and our bodies turn to sand.

Her name was Michelle,
and she was a voyager from France.
She was a beautiful horse from a carousel,
and there was where she dwelt
and where we would ever dance.

(She would never let me fall...)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

never more i will let you down, if you still need me.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Lamp's Dust

The dust on this lamp shall never be cleaned up. But keep that lamp well locked in the safe, make me never look at it again.
Lock me well in another safe, save me to save anothers, swallow the key, bury your stomach.
We're all going to be mud, in the end, you don't need to drink your own eyes.

time pass... and time passed.

I'm now cleaning this lamp, it's too dusty and I want to read. At night, I need that light, so I blow and make the dust fly suspended by invisible strings.
Now I can see better everything, and the details I missed in this room. I can see beauty now.

time stop. and reprogram it.

Welcome the young new dust but never let it lay down still. Leave the old grandfather's clock, give it freely, be generous. Change it for a nice watch and wind it the first time, and on and on.

time refresh.
and time reloaded me.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Chapter Minus Zero

Streets dry tears and hustle shades of the greasy sidewalk
and Poe's ravens shrill cry, and pierce night's bloody tympana.
night turns to dream, turns to nightmare, turns amusement park,
no reality's intended to be trusted, so we hide in the shadows,
we drink from the gutter, we eat the moss of rot walls...

"nevermore" they weep...
and the calm of the night is no more than a child illusion of sleepy fairy tales,
the calm is the wait, and the wait pre-dictates the kill
covered by the honey melody of wounded animals and struggle.
and bugs try not to buzz, and snakes reach tree tops and hail the moon...

and they all try to figure out the blurry words you left me
under the grooviness of a shredded black square on pen lines
and they all scream "nevermore" while reading the Chapter Zero,
and tell ancient tales of past memories and burn forbidden books...

and i end up on the floor of the rusty bar 'round the corner,
lightened by languishing yellow lamps, gulped in cheap red wine
and i drown... i drown in the sorrow of the last words you left me.
and i write them down and wait for the broken clock to save time and vanish rage...

with time, he says... and the pointers never dare a step,
and the bell clapper's apathetic and quiet as hell...
and I'm injected with poison of broken dreams,
and dream broken truth...

and i wait while the darkness goes, inebriated for the day...
a man of mettle walks under a wooden dreadnought...
retired vampire, junkie, bum...
his iron knuckles could smash any solid glass heart, and melt the ice we freeze in...

We're down to minus zero Centigrade degrees...
We're down to minus zero altitude and under dirt...
and your photograph just fell off my wall like an autumn leaf...