quarta-feira, 1 de julho de 2009

Trabalho de Sísifo

Conhecimento, humilhação e frustração são o que é necessário para a consciência do mundo real.
A existência é absurda, mas um fardo que estamos condenados a carregar.
É na realidade Sísifo o sémen da Humanidade.
Somos Sísifo à exaustão da exaustão.
Abençoados ignorantes, abençoados desumanos.
Amaldiçoados humanos traidores e miseráveis, e assim vivemos no absurdo, sendo absurdo prosseguir com o trabalho de Sísifo.
Desumanos humanizam-se por contacto directo com humanos, e o absurdo inferno da maldição humana é propagada como uma peste. Contágio!
Assim, o ciclo é vicioso e não haverá fim mesmo depois de devorarmos as nossas cabeças a sangue frio e arrancarmos as nossas vísceras a unhas farpadas.
A consciência do mundo real é a natureza da nossa natureza, o fado carniceiro do nosso fado.
O rochedo rolará sempre até mais abaixo, ultrapassaremos Hades, e depois disso, vezes sem conta.
Abençoados aqueles que conseguirão fazer-se esmagar. Não os haverá. A humanização é uma condenação ao fracasso eterno à vista de um horizonte garrido de verde!
Uma visão flamejante.
Matamos para deixar de ser humanos, mas sabemos a trágica verdade. Então matemos para ser desumanos, mesmo sabendo a trágica verdade.
Sodoma e Gomorra não são mito, são tabu!
Que jorre sangue e miolos, que escorram pelo chão, que alimentem os animais sedentos deles. Alimentemo-nos deles sem alternativa. Os que regorjitam negam a sua natureza! Que sejam então esventrados!
Pára.
Primeiro passo:
Sejamos humanos (como somos, como tal, os que são):

- Começarei então, por, timidamente, cuspir na tua cara!

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