segunda-feira, 4 de maio de 2009

Romance ao Martírio

Mariazinha, deita os olhos para o mar
Pela tardinha, quando a noite espreitar
E no verde das águas sem fundo
Já se perde da esperança do mundo, a afundar, a afundar

Mariazinha, deita os olhos para o mar
Tão pequenina, sem saber que pensar
Vê a roda do mundo girando
E os navios ao longe passando, sem parar, sem parar

Mariazinha, deita os olhos para o mar
Tão quietinha, a chorar, a chorar
Uma fonte de sangue no peito
Uma sombra na boca e um trejeito no olhar, sem parar

Mariazinha, deita os olhos para o mar
Tão caladinha, a chamar, a chamar
Vai para o fundo da noite fria
Numa barca de rendas, vazia, a afundar, sem parar

Mariazinha, com rendas de algas tapada
Tão quietinha
No fundo do mar pousada
josé mário branco (mariazinha)

Sem comentários: